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Mostrando postagens de junho, 2012

Posso escrever os versos mais tristes (Pablo Neruda)

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu amei-a e por vezes ela também me amou. Em noites como esta tive-a em meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. Ela amou-me, por vezes eu também a amava. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo. A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de entã

Desejo (Gonçalves Dias)

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Ah! que eu não morra sem provar, ao menos Sequer por um instante, nesta vida Amor igual ao meu! Dá, Senhor Deus, que eu sobre a terra encontre Um anjo, uma mulher, uma obra tua, Que sinta o meu sentir; Uma alma que me entenda, irmã da minha, Que escute o meu silêncio, que me siga Dos ares na amplidão! Que em laço estreito unidas, juntas, presas, Deixando a terra e o lodo, aos céus remontem Num êxtase de amor!

Eu sei e você sabe (Vinicius de Moraes)

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M. A. Eu sei e você sabe Já que a vida quis assim Que nada nesse mundo levará você de mim Eu sei e você sabe Que a distância não existe Que todo grande amor Só é bem grande se for triste Por isso meu amor Não tenha medo de sofrer Que todos os caminhos Me encaminham a você. Assim como o Oceano, só é belo com o luar Assim como a Canção, só tem razão se se cantar Assim como uma nuvem, só acontece se chover Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer Assim como viver sem ter amor, não é viver Não há você sem mim E eu não existo sem você!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (Camões)

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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o Mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e, enfim, converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor espanto, que não se muda já como soía.

Oh! páginas de vida que eu amava (Álvares de Azevedo)

Oh! Páginas da vida que eu amava, Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado! ... Ardei, lembranças doces do passado! Quero rir-me de tudo que eu amava! E que doudo que eu fui! como eu pensava Em mãe, amor de irmã! em sossegado Adormecer na vida acalentado Pelos lábios que eu tímido beijava! Embora - é meu destino. Em treva densa dentro do peito a existência finda Pressinto a morte na fatal doença! A mim a solidão da noite infinda! Possa dormir o trovador sem crença Perdoa minha mãe - eu te amo ainda!

Versos do dia

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Cinco sentidos, um sentimento (Guilherme Zilio)

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Da mesma boca que sai a piada Muitas vezes inoportuna Que arranca de você a mais sincera risada, Sai o beijo que te deixa mais apaixonada Os mesmos olhos que medem seu corpo Do jeito mais indiscreto E que deixam em tom vermelho seu rosto São os que ao encontrar com os seus, Te trazem imediato conforto Os ouvidos que a noite Escutam seus sons de prazer Maliciosos e ao mesmo tempo tão doces São os que no outro dia, Ouvem seu suspiro ao me ver E as mãos espertas que deslizam sobre seu corpo Sem nenhum pudor E te despertam o mais profundo desejo Nas horas tristes e amargas Secam suas lágrimas de dor... Não tente esconder, Eu sinto o cheiro do seu amor.

Versos do dia

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Bom é que não esqueçais (Fernando Pessoa)

Bom é que não esqueçais Que o que dá ao amor rara qualidade É a sua timidez envergonhada Entregai-vos ao travo doce das delicias Que filhas são dos seus tormentos Porém, não busqueis poder no amor Que só quem da sua lei se sente escravo Pode considerar-se realmente livre

Versos do dia

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Trechos do forró

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Trechos do forró

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Como falta pouco para o são joão, eu resolvi postar algumas músicas de forró mais populares nessa época . Você hoje faz questão de dizer que já me esqueceu Fala pra todo mundo que o seu maior erro foi eu Na verdade eu nem sei o que fiz pra você me deixar Me desculpe chorar, mas é que sinto tanta saudade Do seu corpo sobre a nossa cama juntinho ao meu Das carícias , dos beijos e abraços que você me deu Você pode até não mais voltar, mas procure entender Que ninguem vai te amar como eu isso você vai ver As palavras que saem de mim vêm do meu coração São palavras sensatas, sinceras não tem uma em vão É uma pena você me escutar e não me entender Que ninguém vai te amar como eu isso você vai ver Se amanhã você vier me procurar E não me achar é porque já te esqueci Não vá pensar que eu nunca te amei Sabes que até chorei pra você voltar pra mim. (Flávio José)

Versos do dia

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Morrer (Larissa Rocha)

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" Coveiros, sombrios, desgrenhados, fazei-me depressa a cova, quero enterrar minha dor quero enterrar-me assim nova."(Florbela Espanca)  Tenho no corpo jovem a beleza que Afrodite me deu mas pra quê servem encantos se minha alma já morreu? juventude, força, vitalidade... para mim de nada valerão! já que neste peito necrosado há muito não bate um coração. deixarei a dor da existência suavemente...num só suspiro pois sem ti a vida é um vazio e eu não vivo, só respiro. oh! e minha pobre mãe! por me ver padecer tão nova que desgosto ela teria, tão cedo, em mandar cavar minha cova! (Larissa Rocha)

Imagem do dia

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Desilusão (Larissa Rocha)

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M.A. Se esta mágoa sem fim é por tanto te amar, tenho ainda mais odio de mim por não saber te desprezar. odeio os versos meus por só cantarem teus primores não sei te dizer adeus embora me cause tantas dores.   tento me convencer de que não te adoro mais sinto logo o pe ito doer sei que não sou capaz... do amor que não vivi só me resta saudade derramei só por ti cada gota de minha mocidade. ando a chamar-te, amor mas teu coração não escuta o único remédio para esta dor é um cálice de cicuta! (Larissa Rocha)

O poeta pede ao seu amor que lhe escreva (García Lorca)

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Amor de minhas entranhas, morte viva, em vão espero tua palavra escrita e penso, com a flor que se murcha, que se vivo sem mim quero perder-te. O ar é imortal. A pedra inerte nem conhece a sombra nem a evita. Coração interior não necessita o mel gelado que a lua verte. Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, tigre e pomba, sobre tua cintura em duelo de mordiscos e açucenas. Enche, pois, de palavras minha loucura ou deixa-me viver em minha serena noite da alma para sempre escura. (Federico García Lorca) 

Desencanto (Manuel Bandeira)

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Queridos leitores, andei meio ausente do blog mas passando rapidinho por aqui resolvi deixar um poema, do nosso ilustríssimo poeta pernambucano Manuel Bandeira, e pessoalmente me identifiquei muito com esses versos. Até a próxima :) Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. - Eu faço versos como quem morre .

Essa que eu hei de amar... (Guilherme de Almeida)

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela, que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela, trazer luz e calor a essa alma escura e fria. E quando ela passar, tudo o que eu não sentia da vida há de acordar no coração, que vela… E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia, quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro, e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro do poente, me dizia adeus, como um sol triste… E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado, mas ias tão perdido em teu sonho dourado, meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!"

Versos do dia

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Pessoal, estou fazendo agora no blog esses posts curtos com uns versinhos, pois nem sempre dá tempo de postar algo mais elaborado e para que a gente não fique sem a poesia nossa de cada dia!

Versos do dia

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Pela luz dos olhos teus (Vinicius de Moraes)

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Quando a l uz dos olhos meus E a luz dos olhos teus Resolvem se encontrar Ai que bom que isso é meu Deus Que frio que me dá o encontro desse olhar Mas se a luz dos olhos teus Resiste aos olhos meus só pra me provocar Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar Meu amor, juro por Deus Que a luz dos olhos meus já não pode esperar Quero a luz dos olhos meus Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará Pela luz dos olhos teus Eu acho meu amor que só se pode achar Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Súplica (Miguel Torga)

Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim. Perde-se a vida a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou. Mas o tempo passou, Há calmaria... Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria Matar a sede com água salgada. Hoje estive pesquisando um poema para postar aqui no blog e encontrei este site : http://www.astormentas.com/  , fui na barra lateral na seção poemas e escolhi "poema ao acaso", gosto de pegar um livro de poesia e abrir numa pagina qualquer assim como algumas pessoas fazem com a bíbla. Por acaso o poema que apareceu é de um poeta que estou estudando na escola: Miguel Torga, pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha, destacou-se na poesia e na prosa portuguesa, um dos representantes do presencismo (segunda geração do modernismo português). O Presencismo caracteriza-se pela emoção estéti

Vaidade, tudo vaidade! (António Nobre)

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Vaidade, meu amor, tudo vaidade! Ouve: quando eu, um dia, for alguem, Tuas amigas ter-te-ão amizade, (Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm. Vaidade é o luxo, a gloria, a caridade, Tudo vaidade! E, se pensares bem, Verás, perdoa-me esta crueldade, Que é uma vaidade o amor de tua mãe... Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna E eu vi-me só no mar com minha escuna, E ninguem me valeu na tempestade! Hoje, já voltam com seu ar composto, Mas eu, ve lá! eu volto-lhes o rosto... E isto em mim não será uma vaidade? António Nobre é poeta português, nascido no Porto em 1867. Sua obra está incluida no ultra-romantismo e no simbolismo da geração finissecular do século XIX. Faleceu com apenas 33 anos vítima de tuberculose super romantico !.  Seus poemas influenciaram e serviram de inspiração para vários outros poetas, principalmente sua compatriota e minha queridíssima : Florbela Espanca, que escreveu o poema A Anto em homenagem a ele. Outra homenagem foi feita pelo brasileiro Manuel Band

Quadras para Ele (Larissa Rocha)

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Teus olhos são como dois sóis são ainda mais brilhantes teu olhos carinhosos, calmos e claros que me arrancam suspiros delirantes. teu peito carrega divinas volúpias mais caloroso não há no mundo inteiro e nem mais macio, suave de linho branco quem dera toda noite fazê-lo meu travesseiro. teus lábios são como a primavera onde flores e aromas se abrem a mil quando surge ali teu lindo sorriso um belo presente de tua boca gentil. (Larissa Rocha)