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Mostrando postagens de agosto, 2012

Versos do dia

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Dialética (Vinicius de Moraes)

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    É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz Mas acontece que eu sou triste...

A falta que tu fazes (Larissa Rocha)

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    Vê, meu amor que o tempo, Ele passa e te rouba de mim, Que tua ausência tem arrebentado As cordas da minha lira, Tudo em mim perece Pela falta que tu fazes. E vida já não tenho Senão a que tenho em ti. E morrer já não posso A menos que seja por ti! http://www.astormentas.com/PT/par/poemas/Larissa%20Rocha

Versos do dia

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Não me deixes! (Gonçalves Dias)

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Debruçada nas águas dum regato A flor dizia em vão À corrente, onde bela se mirava: "Ai, não me deixes, não! "Comigo fica ou leva-me contigo "Dos mares à amplidão; "Límpido ou turvo, te amarei constante; "Mas não me deixes, não!" E a corrente passava; novas águas Após as outras vão; E a flor sempre a dizer curva na fonte: "Ai, não me deixes, não!" E das águas que fogem incessantes À eterna sucessão Dizia sempre a flor, e sempre embalde: "Ai, não me deixes, não!" Por fim desfalecida e a cor murchada, Quase a lamber o chão, Buscava inda a corrente por dizer-lhe Que a não deixasse, não. A corrente impiedosa a flor enleia, Leva-a do seu torrão; A afundar-se dizia a pobrezinha: "Não me deixaste, não!"

Pálida à luz da lâmpada sombria (Álvares de Azevedo)

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  Pálida à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar, na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! O seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo! Publicado no livro Poesias de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1853).

Versos do dia

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Desejo (Casimiro de Abreu)

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Se eu soubesse que no mundo Existia um coração, Que só por mim palpitasse De amor em terna expansão; Do peito calara as mágoas, Bem feliz eu era então! Se essa mulher fosse linda Como os anjos lindos são, Se tivesse quinze anos, Se fosse rosa em botão, Se inda brincasse inocente Descuidosa no gazão; Se tivesse a tez morena, Os olhos com expressão, Negros, negros, que matassem, Que morressem de paixão, Impondo sempre tiranos Um jugo de sedução; Se as tranças fossem escuras, Lá castanhas é que não, E que caíssem formosas Ao sopro da viração, Sobre uns ombros torneados, Em amável confusão; Se a fronte pura e serena Brilhasse dinspiração, Se o tronco fosse flexível Como a rama do chorão, Se tivesse os lábios rubros, Pé pequeno e linda mão; Se a voz fosse harmoniosa Como dharpa a vibração, Suave como a da rola Que geme na solidão, Apaixonada e sentida Como do bardo a canção; E se o peito lhe ondulasse Em suave ondulação, Ocultando em brancas vestes Na mais branda comoção Tesouros de seio

Horas de Saudade (Castro Alves)

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Tudo vem me lembrar que tu fugiste, Tudo que me rodeia de ti fala. Inda a almofada, em que pousaste a fronte O teu perfume predileto exala No piano saudoso, à tua espera, Dormem sono de morte as harmonias. E a valsa entreaberta mostra a frase A doce frase qu'inda há pouco lias. As horas passam longas, sonolentas... Desce a tarde no carro vaporoso... D'Ave-Maria o sino, que soluça, É por ti que soluça mais queixoso. E não vens te sentar perto, bem perto Nem derramas ao vento da tardinha, A caçoula de notas rutilantes Que tua alma entornava sobre a minha. E, quando uma tristeza irresistível Mais fundo cava-me um abismo n'alma, Como a harpa de Davi teu riso santo Meu acerbo sofrer já não acalma. É que tudo me lembra que fugiste. Tudo que me rodeia de ti fala... Como o cristal da essência do oriente Mesmo vazio a sândalo trescala. No ramo curvo o ninho abandonado Relembra o pipilar do passarinho. Foi-se a festa de amores e de afagos... Eras — ave do céu... minh'alma —

Versos do dia

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A solidão do poeta (Domingos Alicata)

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Sempre me comoveu a solidão dos poetas... Caminham sobre versos, cativam amores impossíveis, desafiam sonhos improváveis e, sobretudo, amam... Amam a vida, a morte, o poema sempre inacabado, a desilusão. Principalmente as desilusões de amor... Em silêncio, redefinem a tristeza, secam emotivas lágrimas, abraçam com desejo a madrugada e, com lábios cultivados no prazer, beijam a mulher amada até que, por fim, morrem de tanto amar. http://www.astormentas.com/PT/par/poemas/Domingos%20Alicata

Gozo e dor (Almeida Garret)

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Se estou contente, querida, Com esta imensa ternura De que me enche o teu amor? Não. Ai não; falta-me a vida; Sucumbe-me a alma à ventura: O excesso de gozo é dor. Dói-me alma, sim; e a tristeza Vaga, inerte e sem motivo, No coração me poisou. Absorto em tua beleza, Não sei se morro ou se vivo, Porque a vida me parou. É que não há ser bastante Para este gozar sem fim Que me inunda o coração. Tremo dele, e delirante Sinto que se exaure em mim Ou a vida ou a razão.

Versos do dia

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Beijo (Jorge de Sena)

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Um beijo em lábios é que se demora e tremem no abrir-se a dentes línguas tão penetrantes quanto línguas podem. Mais beijo é mais. É boca aberta hiante para de encher-se ao que se mova nela. É dentes se apertando delicados. É língua que na boca se agitando irá de um corpo inteiro descobrir o gosto e sobretudo o que se oculta em sombras e nos recantos em cabelos vive. É beijo tudo o que de lábios seja quanto de lábios se deseja.

Nos braços Dele (Larissa Rocha)

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É nos braços dele Que a pele vira fogo A respiração fica ofegante E o coração perde o compasso. É nos braços dele que a boca Nos seus beijos se torna fruto Na sua pele se torna flor E os afetos são mais doces. É nos braços dele Que as estrelas são mais belas Os aromas mais suaves E o inverno é mais quente. É nos braços dele que recito Os versos mais amorosos Só para vê-lo sorrir E suspirar lendo Byron. É nos braços dele que meu amor faz morada. Mais poemas meus : http://www.astormentas.com/PT/par/poemas/Larissa%20Rocha

Versos do dia

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Despedida (Larissa Rocha)

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I Se um dia, de mim te lembrares, Faz de conta que morri E quando te entregares Aos lábios de outra paixão Lembra-te dos versos que escrevi Que falavam desta emoção. II Pensa em mim como saudosa lembrança Que tens do teu passado Passado cheio de esperança, De desejos vãos, De um sonho renegado Que morreu em minhas mãos! III Não passarei de lembrança vaga Que em teu coração virou dor Até que um velho poema traga Recordação para teus dias E lembra-te do sonho de amor Que no vazio tecias. Para conhecer mais poemas meus >> http://www.astormentas.com/PT/par/poemas/Larissa%20Rocha

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Ausência (Vinicius de Moraes)

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Neste instante, deixo Vinicius falar por mim o que me faltam palavras para dizer... Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a mist

Cantiga (Cecília Meireles)

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Ai! A manhã primorosa do pensamento... Minha vida é uma pobre rosa ao vento. Passam arroios de cores sobre a paisagem. Mas tu eras a flor das flores, imagem! Vinde ver asas e ramos, na luz sonora! Ninguém sabe para onde vamos agora. Os jardins têm vida e morte, noite e dia... Quem conhecesse a sua sorte, morria. E é nisso que se resume o sofrimento: cai a flor, - e deixa o perfume no vento! Neste poema Cecília manifesta sensibilidade e lirismo delicado intimamente ligado a natureza (manhã, vento, flores, etc) compondo uma atmosfera de sonho. O que mais me chamou atenção na poesia acima foi a última estrofe, o perfume da flor continua existindo mesmo depois da destruição da forma que o gerou, como se fossem lembranças do passado. 

Versos do dia

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