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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Obituário (Larissa Rocha)

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Causa da morte: Melancolia profunda Devido a um grave trauma de amor Congelando todo sangue que o coração inunda Levando embora tudo, exceto a dor!   Assim quero escrito em meu papel de morte: Que por amor fui tirada da vida Até me foi negada a sorte De um beijo de despedida.   Preparem os documentos de antemão Pois faz tempo que só o corpo me restou Primeiro foi-se a calma, o riso e então, Por fim a alma me abandonou...   Quando te vi, tive como certeza, Desde aquele dia enlouqueci E não pude mais enxergar com clareza... Data da morte: dia em que te conheci !  

Serenata (Cecília Meireles)

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  Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde! Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te. Permite que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina. Permite que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo, e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.

Noite de saudade (Florbela Espanca)

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  A Noite vem poisando devagar Sobre a Terra, que inunda de amargura... E nem sequer a benção do luar A quis tornar divinamente pura...   Ninguém vem atrás dela a acompanhar A sua dor que é cheia de tortura... E eu oiço a Noite imensa soluçar! E eu oiço soluçar a Noite escura!   Porque és assim tão escura, assim tão triste?! é que, talvez, ó Noite, em ti existe Uma saudade igual à que eu contenho!   Saudade que eu sei donde me vem... Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!... Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!    

Versos do dia

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Poema: Flor de Ventura Autor: Almeida Garrett "Morrer de amor é uma beleza. abandoná-lo é solidão" (Nando Reis)

Soneto de amor (José Régio)

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  Não me peças palavras, nem baladas, Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio, Deixa cair as pálpebras pesadas, E entre os seios me apertes sem receio. Na tua boca sob a minha, ao meio, Nossas línguas se busquem, desvairadas... E que os meus flancos nus vibrem no enleio Das tuas pernas ágeis e delgadas. E em duas bocas uma língua..., - unidos, Nós trocaremos beijos e gemidos, Sentindo o nosso sangue misturar-se. Depois... - abre os teus olhos, minha amada! Enterra-os bem nos meus; não digas nada... Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!   José Régio foi escritor, historiador da literatura e principal teórico do grupo que ficou conhecido como Presencista (2ª geração do mordernismo português 1927-1940). Esses escritores não foram influenciados pelo espírito da ruptura com o passado que caracterizou a 1ª geração modernista portuguesa, portanto, este poema mostra um forte vínculo com a tradição finissecular do Simbolismo/Decadentismo. Rejeitando as propostas mais radicais do Orf

Neologismo (Manuel Bandeira)

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  Beijo pouco, falo menos ainda Mas, invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana Inventei, por exemplo o verbo teadorar Intransitivo; Teadoro, Teodora

Transforma-se o amador na cousa amada (Camões)

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  Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim como a alma minha se conforma, Está no pensamento como idéia; O vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples busca a forma.

Versos do dia

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  Poema: O poeta pede a seu amor que lhe escreva Autor: Federico García Lorca

Fui um doudo em sonhar tantos amores (Álvares de Azevedo)

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Fui um doudo em sonhar tantos amores... Que loucura, meu Deus! Em expandir-lhe aos pés, pobre insensato, Todos os sonhos meus!   E ela, triste mulher, ela tão bela, Dos seus anos na flor, Por que havia sagrar pelos meus sonhos Um suspiro de amor?   Um beijo — um beijo só! eu não pedia Senão um beijo seu E nas horas do amor e do silêncio Juntá-la ao peito meu!   (..)   Meus Deus! por que sonhei e assim por ela Perdi a noite ardente... Se devia acordar dessa esperança, E o sonho era demente?...   Eu nada lhe pedi: ousei apenas Junto dela, à noitinha, Nos meus delírios apertar tremendo A sua mão na minha!   (...)   Mas vota ao menos no lembrar saudoso Um ai ao sonhador... Deus sabe se te amei!... Não te maldigo, Maldigo o meu amor!...   Mas não... inda uma vez... Não posso ainda Dizer o eterno adeus E a sangue frio renegar dos sonhos E blasfemar de Deus!   Oh! Fala-me de amor!... — eu qu

Se as minhas mãos pudessem desfolhar (Federico García Lorca)

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   E u pronuncio teu nome nas noites escuras, quando vêm os astros beber na lua e dormem nas ramagens das frondes ocultas. E eu me sinto oco de paixão e de música. Louco relógio que canta mortas horas antigas. Eu pronuncio teu nome, nesta noite escura, e teu nome me soa mais distante que nunca. Mais distante que todas as estrelas e mais dolente que a mansa chuva. Amar-te-ei como então alguma vez? Que culpa tem meu coração? Se a névoa se esfuma, que outra paixão me espera? Será tranqüila e pura? Se meus dedos pudessem desfolhar a lua!!

Quem sabe um dia (Mário Quintana)

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  Quem sabe um dia Quem sabe um seremos Quem sabe um viveremos Quem sabe um morreremos! Quem é que Quem é macho Quem é fêmea Quem é humano, apenas! Sabe amar Sabe de mim e de si Sabe de nós Sabe ser um! Um dia Um mês Um ano Um(a) vida! Sentir primeiro, pensar depois Perdoar primeiro, julgar depois Amar primeiro, educar depois Esquecer primeiro, aprender depois Libertar primeiro, ensinar depois Alimentar primeiro, cantar depois Possuir primeiro, contemplar depois Agir primeiro, julgar depois Navegar primeiro, aportar depois Viver primeiro, morrer depois

Versos do dia

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Texto de Luis Rodrigues