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Seus Olhos (Almeida Garrett)

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    Seus olhos - que eu sei pintar O que os meus olhos cegou – Não tinham luz de brilhar, Era chama de queimar; E o fogo que a ateou Vivaz, eterno, divino, Como facho do Destino. Divino, eterno! - e suave Ao mesmo tempo: mas grave E de tão fatal poder, Que, um só momento que a vi, Queimar toda a alma senti... Nem ficou mais de meu ser, Senão a cinza em que ardi.

Este inferno de amar (Almeida Garrett)

Este inferno de amar — como eu amo! Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi? Esta chama que alenta e consome, Que é a vida — e que a vida destrói — Como é que se veio a atear, Quando — ai quando se há-de ela apagar?   Eu não sei, não me lembra; o passado, A outra vida que dantes vivi Era um sonho talvez… — foi um sonho — Em que paz tão serena a dormi! Oh! que doce era aquele sonhar… Quem me veio, ai de mim! despertar?   Só me lembra que um dia formoso Eu passei… dava o Sol tanta luz! E os meus olhos, que vagos giravam, Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei Mas nessa hora a viver comecei…