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Tudo que faço ou medito (Fernando pessoa)

olha eu aqui, voltando quase 6 meses depois do último post, como se nada tivesse acontecido... Bem, passei aqui rapidinho para deixar esse poema maravilhoso, que já foi postado aqui no blog há muitos anos, mas hoje queria repostar e fazer uma reflexão a respeito. Você já sentiu que tem sonhos grandes dentro de você, mas por algum motivo, seja interferência externa ou autosabotagem, não consegue realizá-los? "Querendo, quero o infinito. Fazendo, nada é verdade"... esses versinhos me atingiram em cheio hoje, quando por acaso esbarrei nesse poema, e precisei vir aqui postar. Era só isso mesmo que eu tinha pra hoje, vamos deixar os posts mais elaborados para outro dia, por enquanto, se deleitem com esta obra prima: Tudo que faço ou medito Fica sempre na metade. Querendo, quero o infinito. Fazendo, nada é verdade. Que nojo de mim me fica Ao olhar para o que faço! Minha alma é lúcida e rica, E eu sou um mar de sargaço – Um mar onde bóiam lentos Fragmentos de um mar de além... Vonta

Poetas para conhecer melhor - Bocage

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Continuando a nossa série de poetas para conhecer melhor durante o isolamento, vou continuar em Portugal com o poeta dessa semana: Manuel Maria Barbosa du Bocage. O poeta de hoje nasceu em Setúbal em 1765 e morreu em Lisboa em 1805. Em 1783 ele se alistou na marinha, fez o curso mas desertou no final, apesar disso foi convocado como oficial da marinha para embarcar para a Índia. Ao fugir da marinha, viveu em Macau e retornou à Portugal em 1790. Vamos conhecer um pouco mais sobre ele por suas próprias palavras, lendo o poema "Autorretrato": Autorretrato Magro, de olhos azuis, carão moreno, Bem servido de pés, meão na altura, Triste de facha, o mesmo de figura, Nariz alto no meio e não pequeno; Incapaz de assistir num só terreno, Mais propenso ao furor do que à ternura; Bebendo em níveas mãos, por taça escura, De zelos infernais letal veneno; Devoto incensador de mil deidades (Digo, de moças mil) num só momento, E somente no altar amando os frades, Eis Bocage,

Poetas para conhecer melhor - Fernando Pessoa

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Olá, querido leitor! Se você não estava hibernando nos últimos dias, você está ciente da pandemia de covid-19 que infelizmente assola o mundo. Como muita gente está passando esse período em casa, pensei em fazer uma série de posts especiais falando sobre alguns poetas que você deveria conhecer melhor durante esse período de isolamento. Vou começar essa série falando sobre um dos meus preferidos da vida: Fernando Pessoa 💓 Mas o que fez de Fernando Pessoa o nome da literatura portuguesa mais conhecido do mundo? Na minha opinião, é principalmente o intimismo da sua obra, o jeito que ele fala das emoções humanas e nos faz mergulhar em nós mesmos. Pessoa foi um "solitário por natureza", com pouca vida social e quase sem vida amorosa, ele era autodidata, sozinho na biblioteca estudou filosofia, sociologia, religião e é claro, literatura. (Temos aqui alguém que provavelmente não ia ter problemas com o isolamento social). A vida Fernando António Nogueira Pessoa nasceu

Como eu te amo (Gonçalves Dias)

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"(...) Assim eu te amo, assim; mais do que podem Dizer-to os lábios meus, - mais do que vale Cantar a voz do trovador cansada: O que é belo, o que é justo, santo e grande Amo em ti. - Por tudo quanto sofro, Por quanto já sofri, por quanto ainda Me resta de sofrer, por tudo eu te amo. O que espero, cobiço, almejo, ou temo De ti, só de ti pende: oh! nunca saibas Com quanto amor eu te amo, e de que fonte Tão terna, quanto amarga o vou nutrindo! Esta oculta paixão, que mal suspeitas, Que não vês, não supões, nem te eu revelo, Só pode no silêncio achar consolo, Na dor aumento, intérprete nas lágrimas. (...)"

Bilhete (Mário Quitana)

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Se tu me amas, ama-me baixinho Não o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Porque os outros se mascaram mas tu não (Sophia de Mello B. Andresen)

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Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não.

Guimarães Rosa

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“ O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem ” Hoje vou falar um pouco sobre o contista, novelista, romancista e diplomata João Guimarães Rosa. Na literatura, ele fez parte da 3ª geração modernista e se destacou pela linguagem inovadora, estrutura narrativa e a riqueza de simbologia dos seus contos, o regionalismo também marcou fortemente sua obra. Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo - MG, em 1908 e ainda na infância foi estudar em Belo Horizonte, formou-se médico pela UFMG e mais tarde, em 1934 se tornou diplomata por concurso. Sua primeira publicação de destaque foi Magma (1936), uma coletânea de poemas que recebeu o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Entretanto, o primeiro livro que lhe deu destaque no panorama da literatura brasileira foi o livro de contos Sagarana (1946), obra que lhe rendeu vários prêmios e apresenta as paisagens mineiras e