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Violoncelo (Camilo Pessanha)

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  Chorai, arcadas Do violoncelo, Convulsionadas. Pontes aladas De pesadelo... De que esvoaçam, Brancos, os arcos. Por baixo passam, Se despedaçam, No rio os barcos. Fundas, soluçam Caudais de choro. Que ruínas, ouçam... Se se debruçam, Que sorvedouro! Lívidos astros, Soidões lacustres... Lemes e mastros... E os alabastros Dos balaústres! Urnas quebradas. Blocos de gelo! Chorai, arcadas Do violoncelo, Despedaçadas...     Bem, não sei você, mas eu adoro música erudita. Encontrei esse poema de Camilo Pessanha que me lembrou uma sonata para piano e violoncelo de Chopin, essa música sempre me ajuda a ter inspiração e escrever meus próprios poemas então aqui vai um vídeo com a música :   

Dia da mulher

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Gostaria hoje, de fazer uma sigela homenagem às mulheres... À mulher que é toda emoção e coragem, força e delicadeza, linda e apaixonada, principalmente às grandes mulheres da poesia em língua portuquesa,as mais conhecidas (Adélia Prado, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Florbela Espanca, Maria Teresa Horta, etc,) e as que ficaram nas sombras, e à toda mulher que, como eu, já pôs seus sentimentos em forma de verso e tornaram a literatura ainda mais bela! Obrigada, poetisas! Aqui vão alguns versos que escolhi com muito carinho para esta data:   Sou uma mulher madura Que às vezes anda de balanço Sou uma criança insegura Que às vezes usa salto alto Sou uma mulher que balança Sou uma criança que atura (martha medeiros) Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. (Cora Coralina)    

Neologismo (Manuel Bandeira)

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  Beijo pouco, falo menos ainda Mas, invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana Inventei, por exemplo o verbo teadorar Intransitivo; Teadoro, Teodora

Versos do dia

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  Poema: O poeta pede a seu amor que lhe escreva Autor: Federico García Lorca

Original é o poeta (Ary dos Santos)

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  Original é o poeta que se origina a si mesmo que numa sílaba é seta noutro pasmo ou cataclismo o que se atira ao poema como se fosse um abismo e faz um filho ás palavras na cama do romantismo. Original é o poeta capaz de escrever um sismo. Original é o poeta de origem clara e comum que sendo de toda a parte não é de lugar algum. O que gera a própria arte na força de ser só um por todos a quem a sorte faz devorar um jejum. Original é o poeta que de todos for só um. Original é o poeta expulso do paraíso por saber compreender o que é o choro e o riso; aquele que desce á rua bebe copos quebra nozes e ferra em quem tem juízo versos brancos e ferozes. Original é o poeta que é gato de sete vozes. Original é o poeta que chegar ao despudor de escrever todos os dias como se fizesse amor. Esse que despe a poesia como se fosse uma mulher e nela emprenha a alegria de ser um homem qualquer.

Horas Mortas (Alberto de Oliveira)

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  Breve momento após comprido dia De incômodos, de penas, de cansaço Inda o corpo a sentir quebrado e lasso, Posso a ti me entregar, doce Poesia. Desta janela aberta, à luz tardia Do luar em cheio a clarear no espaço, Vejo-te vir, ouço-te o leve passo Na transparência azul da noite fria. Chegas. O ósculo teu me vivifica Mas é tão tarde! Rápido flutuas Tornando logo à etérea imensidade; E na mesa em que escrevo apenas fica Sobre o papel — rastro das asas tuas, Um verso, um pensamento, uma saudade.

Há quase um ano não 'screvo (Fernando Pessoa)

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  Neste poema, Pessoa apresenta o fazer poético dissociado da meditação, ele se sente incapaz de escrever porque tem a mente pesada e seus poemas já não fluem livremente.   Há quase um ano não screvo. Pesada, a meditação Torna-me alguém que não devo Interromper na atenção. Tenho saudades de mim, De quando, de alma alheada, Eu era não ser assim, E os versos vinham de nada. Hoje penso quanto faço, Screvo sabendo o que digo... Para quem desce do espaço Este crepúsculo antigo?