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Mostrando postagens de 2019

Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto)

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        Hoje vou falar sobre mais um poeta nordestino: João Cabral de Melo Neto. Nasceu em Recife, em 1920 e fez parte da terceira geração do modernismo brasileiro, explorando diversos temas em sua obra. Porém, um dos poemas de João Cabral que mais se popularizou foi o Morte e Vida Severina, escrito entre 1944 e 1945, e que conta a história do retirante Severino, que sai do sertão em busca de uma vida melhor no Recife. Essa obra, carregada de críticas sociais, fala sobre pobreza, fome, necessidade do sertanejo de partir em busca de uma vida melhor, e ao chegar ao destino, continuar na miséria. Como o poema é muito extenso, vou postar aqui apenas o início, onde é apresentado o personagem Severino, entretanto, você pode assistir a versão animada na íntegra, feita pelo cartunista Miguel Falcão, no vídeo abaixo. O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos

Para ser grande, sê inteiro: nada (Fernando Pessoa)

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  Para ser grande, sê inteiro: nada         Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és         No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda         Brilha, porque alta vive. Hoje, por acaso, lembrei desse lindo poema de Fernando Pessoa, que é um dos meus preferidos. Ele fala sobre como devemos ser íntegros e inteiros em tudo que fazemos (Põe quanto és / No mínimo que fazes.) e isto nos ajudará a encontrar a felicidade em cada pequena coisa. Segundo o poeta, também devemos fazer isso nos aceitando como somos, tanto as coisas boas quanto as ruins, pois é justamente essa soma que nos torna únicos e brilhantes, cada um a seu modo. A lua é um elemento importantíssimo no poema, já que ela, inteira, em sua plenitude, pode brilhar em cada lago, o que nos remete a um sentimento de tranquilidade, e funciona como uma metáfora de como devemos agir.  

Ou isto ou aquilo (Cecília Meireles)

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Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares! Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… e vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo. Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.         Se eu tivesse que resumir em uma palavra o porquê da poesia de  Cecília Meireles é tão gostosa de ler, seria: Musicalidade. A musicalidade da escrita, com palavras que rimam sem o rigor da métrica é com certeza uma das características mais marcantes de Cecília.         Além disso, acho esse poema muito interessante, principalmente para quem está passando por um momento de

Augusto dos Anjos: Uma visão trágica da vida

"Ah! Um urubu pousou na minha sorte!"         É assim que começa a segunda estrofe de um dos poemas mais conhecidos de Augusto dos Anjos: Budismo moderno. Essa tragicidade é uma das características mais marcantes do poeta, que já teve sua obra classificada como simbolista, parnasiana e pré-modernista. Sem entrar nessa questão das escolas literárias, quero fazer uma breve reflexão sobre essa visão trágica que permeia sua poesia.           O poeta paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em Pau d'Arco em 1884 e morreu aos 30 anos, vítima de pneumonia, na cidade de Leopoldina - MG. Augusto dos Anjos morreu sem ter a sua poesia reconhecida, pelo contrário, ela foi rejeitada por ser pessimista e trágica, falando abertamente sobre a morte e a deterioração do corpo.        De fato, o poeta fugiu dos lugares-comum da poesia da época, usando palavras incomuns no vocabulário de outros poetas contemporâneos, e misturando uma reflexão filosófica e existencial. Al

Recomeço

Olá, leitor do Amor do Poeta! Se você está lendo esse post, ou já leu qualquer outro aqui no blog, eu gostaria de agradecer sua visita, é muito importante para mim, sinta-se bem-vindo(a), esse espaço é tão seu quanto meu.  Esse blog é um projeto que começou em 2011, com o objetivo de compartilhar meus poemas preferidos, e alguns de minha própria autoria. De lá até aqui, muita coisa aconteceu na minha vida, e passear pelas postagens mais antigas do blog é, para mim, como abrir uma cápsula do tempo. As angústias daquela época foram substituídas por novas, mas muitas paixões e alegrias permaneceram. É engraçado olhar para o "eu" do passado, e sentir aquele misto de orgulho e saudade, mas eu estou voltando a escrever no blog porque eu preciso dar uma olhada melhor no "eu" do presente.  Você pode ter percebido que o blog possui alguns gaps nas publicações (entrou em uma fenda espaço-temporal por alguns anos), mas estou tentando revivê-lo agora, porque a vida é uma