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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Porque os outros se mascaram mas tu não (Sophia de Mello B. Andresen)

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Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não.

Guimarães Rosa

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“ O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem ” Hoje vou falar um pouco sobre o contista, novelista, romancista e diplomata João Guimarães Rosa. Na literatura, ele fez parte da 3ª geração modernista e se destacou pela linguagem inovadora, estrutura narrativa e a riqueza de simbologia dos seus contos, o regionalismo também marcou fortemente sua obra. Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo - MG, em 1908 e ainda na infância foi estudar em Belo Horizonte, formou-se médico pela UFMG e mais tarde, em 1934 se tornou diplomata por concurso. Sua primeira publicação de destaque foi Magma (1936), uma coletânea de poemas que recebeu o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Entretanto, o primeiro livro que lhe deu destaque no panorama da literatura brasileira foi o livro de contos Sagarana (1946), obra que lhe rendeu vários prêmios e apresenta as paisagens mineiras e

Feliz ano novo

Olá, queridos leitores! Me dei conta de que o primeiro post do ano foi um poema bem triste e melancólico, não quis deixar ninguém para baixo, foi apenas uma escolha aleatória (será mesmo?). As viradas de ano são bastante simbólicas para muita gente, para mim, no entanto, por mais que eu tente sentir essa sensação de renovação, não é bem assim que funciona. Não acredito que nenhum milagre acontece entre os dias 31/12 e 01/01, que nos transforma em pessoas melhores, ou torna nossa vida mais agradável, entretanto, acho que podemos sim nos esforçar para abandonar velhos hábitos que não fazem bem, e reforçar hábitos positivos. Eu mesma, no final do ano passado, me comprometi a manter o hábito de postar no blog e até então tenho conseguido! Porém devo confessar a vocês que tenho alguns hábitos que precisam ser abandonados com urgência... reclamar menos e agradecer mais, deixar o pessimismo de lado e desfrutar da viagem que é a vida. Enfim, é mais difícil do que parece, mas quem sabe agora qu

A minha dor (Florbela Espanca)

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A minha Dor é um convento ideal Cheio de claustros, sombras, arcarias, Aonde a pedra em convulsões sombrias Tem linhas dum requinte escultural. Os sinos têm dobres de agonias Ao gemer, comovidos, o seu mal … E todos têm sons de funeral Ao bater horas, no correr dos dias … A minha Dor é um convento. Há lírios Dum roxo macerado de martírios, Tão belos como nunca os viu alguém! Nesse triste convento aonde eu moro, Noites e dias rezo e grito e choro, E ninguém ouve … ninguém vê … ninguém …