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Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo (Ruy Belo)

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Ver-te é como ter á minha frente todo o tempo é tudo serem para mim estradas largas  estradas onde passa o sol poente  é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar  se o tempo existe se existiu alguma vez  e nem mesmo meço a devastação do meu passado

Passei a noite toda, sem dormir (Fernando Pessoa)

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Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,  E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.  Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,  E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.  Amar é pensar.  E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.  Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.  Tenho uma grande distracção animada.  Quando desejo encontrá-la  Quase que prefiro não a encontrar,  Para não ter que a deixar depois.  Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.  Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.  

Coração sem imagens (Raul de Carvalho)

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Deito fora as imagens, Sem ti para que me servem as imagens? Preciso habituar-me a substituir-te pelo vento, que está em toda a parte e cuja direcção é igualmente passageira e verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passos numa casa deserta, ao trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis, à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve a não ser eu. Serei feliz sem as imagens. As imagens não dão felicidade a ninguém. Era mais difícil perder-te, e, no entanto, perdi-te. Era mais difícil inventar-te, e eu te inventei. Posso passar sem as imagens assim como posso passar sem ti. E hei-de ser feliz ainda que isso não seja ser feliz. Raul Maria de Carvalho foi um poeta português,esteve fortemente ligado ao movimento neo-realista e surrealista que marcaram as décadas de 1950 e 1960 em Portugal.