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Mostrando postagens com o rótulo melancolia

Desconcerto (Larissa Rocha)

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Tua ausência me desconcerta, de tal jeito Que não sei se cabe mais vazio em mim, Ando perdida, quase enlouquecida Temendo que este seja o nosso fim.                                         Busco-te incessantemente, de um jeito insano Mas o silêncio vem de todos os lados... Mais um minuto sem ti e aqui estou Pagando por todos os meus pecados Já pensei em todas as formar de lidar Com essa dor, que é saudade infinda Mas essa agonia, só tua presença alivia... Só o timbre confortante da tua voz linda A saudade castiga como nunca fez antes Neste momento, o silêncio grita E tua falta, já me tirou quase tudo... Só uma folha em branco espera pra ser escrita. Mais poemas meus  aqui

Eu queria tanto (Paulo Leminski)

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eu queria tanto ser um poeta maldito  a massa sofrendo enquanto eu profundo medito  eu queria tanto  ser um poeta social  rosto queimado  pelo hálito das multidões  em vez  olha eu aqui  pondo sal  nesta sopa rala  que mal vai dar para dois

Passou o outono (Camilo Pessanha)

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Passou o outono já, já torna o frio... - Outono de seu riso magoado. Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado... - O sol, e as águas límpidas do rio. Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado, Para onde me levais meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio? Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando... Onde ides a correr, melancolias? - E, refratadas, longamente ondeando, As suas mãos translúcidas e frias...

Sem remédio (Florbela Espanca)

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Aqueles que me têm muito amor  Não sabem o que sinto e o que sou...  Não sabem que passou, um dia, a Dor  À minha porta e, nesse dia, entrou.  E é desde então que eu sinto este pavor,  Este frio que anda em mim, e que gelou  O que de bom me deu Nosso Senhor!  Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!  Sinto os passos de Dor, essa cadência  Que é já tortura infinda, que é demência!  Que é já vontade doida de gritar!  E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,  A mesma angústia funda, sem remédio,  Andando atrás de mim, sem me largar! 

A louca (Larissa Rocha)

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Para Marcelo Desde o dia que te vi partir Ando feito louca na rua Vivo quase sem existir E tudo isso é culpa tua! Enlouqueci ainda na flor da idade Sei que não foi tua intenção me magoar Mas me diz como manter a sanidade Se não posso mais te amar? Ando com a alma atormentada E ainda escuto tua voz na minha cabeça Não me deixes aqui abandonada Se não queres que eu enlouqueça Passo o dia encolhida pelos cantos E ouço dizer: “pobrezinha, enlouqueceu!” Quando os outros me veem aos prantos Entre soluços a chamar o nome teu Lagrimas inundam os olhos meus Quando sozinha na escuridão Lembro-me do teu último “adeus” Aquele que me fez perder a razão ! "Ai, a rua escura, o vento frio Esta saudade, este vazio Esta vontade de chorar Ai, tua distância tão amiga Esta ternura tão antiga E o desencanto de esperar Sim, eu não te amo porque quero Ai, se eu pudesse esqueceria! Vivo e vivo só porque te espero Ai, esta amargura, esta agonia...

Obituário (Larissa Rocha)

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Causa da morte: Melancolia profunda Devido a um grave trauma de amor Congelando todo sangue que o coração inunda Levando embora tudo, exceto a dor!   Assim quero escrito em meu papel de morte: Que por amor fui tirada da vida Até me foi negada a sorte De um beijo de despedida.   Preparem os documentos de antemão Pois faz tempo que só o corpo me restou Primeiro foi-se a calma, o riso e então, Por fim a alma me abandonou...   Quando te vi, tive como certeza, Desde aquele dia enlouqueci E não pude mais enxergar com clareza... Data da morte: dia em que te conheci !