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Mostrando postagens com o rótulo mulher

Porque os outros se mascaram mas tu não (Sophia de Mello B. Andresen)

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Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não.

Tudo de mim (Larissa Rocha)

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Eu tento muito fingir que não me importo E falho ao esconder o sentimento que só cresce… Esqueço a loucura da paixão e me comporto, Mas chega a ser ridículo, porque a paixão transparece. Ignoro o fato de que tudo nele é perfeito Mas fico pendurada em cada palavra que ele diz Tento até fingir que não notei o delicioso jeito Que o jeans se pendura nos seus quadris Aquele olhar quente derrete meu coração… Torço para que ele pare de me olhar assim Que meu coração bobo não resiste a esta tentação É com esse olhar que ele consegue tudo de mim! Flor Bela Rocha. Mais poemas meus   aqui

A ausente (Vinicius de Moraes)

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Amiga, infinitamente amiga Em algum lugar teu coração bate por mim Em algum lugar teus olhos se fecham à ideia dos meus. Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas Como que cega ao meu encontro... Amiga, última doçura A tranquilidade suavizou a minha pele E os meus cabelos. Só meu ventre Te espera, cheio de raízes e de sombras. Vem, amiga Minha nudez é absoluta Meus olhos são espelhos para o teu desejo E meu peito é tábua de suplícios Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim Como no mar, vem nadar em mim como no mar Vem te afogar em mim, amiga minha Em mim como no mar... Uma pequena homenagem ao centenário de Vinicius de Moraes, mais informações no site  http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br  

Contigo aprendi coisas tão simples (Ruy Belo)

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Contigo aprendi coisas tão simples como a forma de convívio com o meu cabelo ralo e a diversa cor que há nos olhos das pessoas Só tu me acompanhastes súbitos momentos quando tudo ruía ao meu redor e me sentia só e no cabo do mundo Contigo fui cruel no dia a dia mais que mulher tu és já a minha única viúva Não posso dar-te mais do te dou este molhado olhar de homem que morre e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente

Perdidamente Florbela

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"E as minhas mãos, uns pálidos veludos, traçam gestos de sonhos pelo ar..." Eu assisti à minissérie "Perdidamente Florbela" que é uma biografia da maravilhosa poetisa Florbela Espanca, esta é a história de uma mulher "apaixonada e que apaixonou" e me deixou, sem dúvidas, ainda mais apaixonada por esse grande nome da poesia portuguesa!  Um retrato da vida íntima de Florbela, com todos seus escândalos e paixões, eis aí uma mulher que viveu intensamente e com uma sede de amar. Seu sofrimento e seus conflitos internos, assim como todas as polêmicas que ainda cercam sua vida foram contadas de uma forma belíssima, e só poderia ser . Com direção de Vicente Alves do ó e estrelando Dalila Carmo no papel de Florbela, quem quiser conferir já está disponível no youtube a minissérie em três partes:   aqui Eu (Florbela Espanca) Eu sou a que no mundo anda perdida,  Eu sou a que na vida não tem norte,  Sou a irmã do Sonho, e desta sorte  Sou...

Dia da mulher

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Gostaria hoje, de fazer uma sigela homenagem às mulheres... À mulher que é toda emoção e coragem, força e delicadeza, linda e apaixonada, principalmente às grandes mulheres da poesia em língua portuquesa,as mais conhecidas (Adélia Prado, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Florbela Espanca, Maria Teresa Horta, etc,) e as que ficaram nas sombras, e à toda mulher que, como eu, já pôs seus sentimentos em forma de verso e tornaram a literatura ainda mais bela! Obrigada, poetisas! Aqui vão alguns versos que escolhi com muito carinho para esta data:   Sou uma mulher madura Que às vezes anda de balanço Sou uma criança insegura Que às vezes usa salto alto Sou uma mulher que balança Sou uma criança que atura (martha medeiros) Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. (Cora Coralina)    

Serenata (Cecília Meireles)

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  Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde! Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te. Permite que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina. Permite que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo, e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.

Versos do dia

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Poema: Flor de Ventura Autor: Almeida Garrett "Morrer de amor é uma beleza. abandoná-lo é solidão" (Nando Reis)

Transforma-se o amador na cousa amada (Camões)

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  Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim como a alma minha se conforma, Está no pensamento como idéia; O vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples busca a forma.

Fui um doudo em sonhar tantos amores (Álvares de Azevedo)

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Fui um doudo em sonhar tantos amores... Que loucura, meu Deus! Em expandir-lhe aos pés, pobre insensato, Todos os sonhos meus!   E ela, triste mulher, ela tão bela, Dos seus anos na flor, Por que havia sagrar pelos meus sonhos Um suspiro de amor?   Um beijo — um beijo só! eu não pedia Senão um beijo seu E nas horas do amor e do silêncio Juntá-la ao peito meu!   (..)   Meus Deus! por que sonhei e assim por ela Perdi a noite ardente... Se devia acordar dessa esperança, E o sonho era demente?...   Eu nada lhe pedi: ousei apenas Junto dela, à noitinha, Nos meus delírios apertar tremendo A sua mão na minha!   (...)   Mas vota ao menos no lembrar saudoso Um ai ao sonhador... Deus sabe se te amei!... Não te maldigo, Maldigo o meu amor!...   Mas não... inda uma vez... Não posso ainda Dizer o eterno adeus E a sangue frio renegar dos sonhos E blasfemar de Deus...

Sobre o regaço (Gustavo Adolfo Bécquer)

  Sobre o regaço tinha o livro bem aberto; tocavam em meu rosto seus caracóis negros. Não víamos as letras nem um nem outro, creio; mas guardávamos ambos fundo silêncio. Por quanto tempo? Nem então pude sabê-lo. Sei só que não se ouvia mais que o alento, que apressado escapava dos lábios secos. Só sei que nos voltámos os dois ao mesmo tempo, os olhos encontraram-se e ressoou um beijo.

Seio de virgem (Álvares de Azevedo)

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  O que eu sonho noite e dia, O que me dá poesia E me torna a vida bela, O que num brando roçar Faz meu peito se agitar, E o teu seio, donzela! Oh! quem pintara o cetim Desses limões de marfim, Os leves cerúleos veios Na brancura deslumbrante E o tremido de teus seios? Ouando os vejo, de paixão Sinto pruridos na mão De os apalpar e conter... Sorriste do meu desejo? Loucura! bastava um beijo Para neles se morrer!

A bela encantada (Joaquim Manuel de Macedo)

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  (...) Se a visses... tão bela!... de branco vestida, Coas negras madeixas no colo a ondear, Tão só, qual princesa de um trono abatida, Cismando ao luar... Se a visses... tão branca, da lua ao palor Uma harpa sonora então dedilhar, E à margem do lago ternuras de amor Essa harpa entornar... Se então tu a visses... tão branca e tão bela Com a harpa inclinada no seio ao revés, Vertendo harmonias, com a lua sobre ela, E o lago a seus pés... Se a visses... não vejas, incauto mortal; Ah! foge! ind'é tempo; não pares aqui; Não fiques num sítio que é sítio fatal; Se não — ai de ti!... Não vejas a bela, que em vê-la há perigo; Estila dos lábios amávio traidor; Não vejas!... se a vires... — eu sei o que digo!... - Tu morres de amor!

Por mim (Álvares de Azevedo)

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  Teus negros olhos uma vez fitando Senti que luz mais branda os acendia, Pálida de langor, eu vi, te olhando, Mulher do meu amor, meu serafim, Esse amor que em teus olhos refletia... Talvez! - era por mim? Pendeste, suspirando, a face pura, Morreu nos lábios teus um ai perdido... Tão ébrio de paixão e de ventura! Mulher de meu amor, meu serafim, Por quem era o suspiro amortecido? Suspiravas por mim?... Mas... eu sei!... ai de mim? Eu vi na dança Um olhar que em teus olhos se fitava... Ouvi outro suspiro... d'esperança! Mulher do meu amor, meu serafim, Teu olhar, teu suspiro que matava... Oh! não eram por mim.

Desejo (Casimiro de Abreu)

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Se eu soubesse que no mundo Existia um coração, Que só por mim palpitasse De amor em terna expansão; Do peito calara as mágoas, Bem feliz eu era então! Se essa mulher fosse linda Como os anjos lindos são, Se tivesse quinze anos, Se fosse rosa em botão, Se inda brincasse inocente Descuidosa no gazão; Se tivesse a tez morena, Os olhos com expressão, Negros, negros, que matassem, Que morressem de paixão, Impondo sempre tiranos Um jugo de sedução; Se as tranças fossem escuras, Lá castanhas é que não, E que caíssem formosas Ao sopro da viração, Sobre uns ombros torneados, Em amável confusão; Se a fronte pura e serena Brilhasse dinspiração, Se o tronco fosse flexível Como a rama do chorão, Se tivesse os lábios rubros, Pé pequeno e linda mão; Se a voz fosse harmoniosa Como dharpa a vibração, Suave como a da rola Que geme na solidão, Apaixonada e sentida Como do bardo a canção; E se o peito lhe ondulasse Em suave ondulação, Ocultando em brancas vestes Na mais branda comoção Tesouros de seio...