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Para ser grande, sê inteiro: nada (Fernando Pessoa)

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  Para ser grande, sê inteiro: nada         Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és         No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda         Brilha, porque alta vive. Hoje, por acaso, lembrei desse lindo poema de Fernando Pessoa, que é um dos meus preferidos. Ele fala sobre como devemos ser íntegros e inteiros em tudo que fazemos (Põe quanto és / No mínimo que fazes.) e isto nos ajudará a encontrar a felicidade em cada pequena coisa. Segundo o poeta, também devemos fazer isso nos aceitando como somos, tanto as coisas boas quanto as ruins, pois é justamente essa soma que nos torna únicos e brilhantes, cada um a seu modo. A lua é um elemento importantíssimo no poema, já que ela, inteira, em sua plenitude, pode brilhar em cada lago, o que nos remete a um sentimento de tranquilidade, e funciona como uma metáfora...

Eu queria tanto (Paulo Leminski)

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eu queria tanto ser um poeta maldito  a massa sofrendo enquanto eu profundo medito  eu queria tanto  ser um poeta social  rosto queimado  pelo hálito das multidões  em vez  olha eu aqui  pondo sal  nesta sopa rala  que mal vai dar para dois

Versos do dia

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Poema: Amor, então, Autor: Paulo Leminski

Poema instantâneo (Larissa Rocha)

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Um poema Num instante Que dura um olhar Uma boca Hesitante Que anseia por beijar Uma aflição Constante De amar ou não amar!

Passei a noite toda, sem dormir (Fernando Pessoa)

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Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,  E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.  Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,  E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.  Amar é pensar.  E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.  Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.  Tenho uma grande distracção animada.  Quando desejo encontrá-la  Quase que prefiro não a encontrar,  Para não ter que a deixar depois.  Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.  Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.  

Natimorto

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Tenho pena dos meus poemas Que morrem no primeiro verso Eles contariam meus dilemas Mas se perdem em outro universo Eles morrem antes da criação E se vão deste mundo Quando eu perco a inspiração Abandono o verso moribundo Ai de mim! Que mal me roubou O verso e a prosa? Que minha vida sem poesia É como espinhos sem rosa! Mais poemas meus  aqui

Poema (Mário Cesariny)

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Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto tão perto tão real que o meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco

O último poema (Manuel Bandeira)

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Assim eu quereria o meu último poema. Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Versos do dia

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Dia da mulher

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Gostaria hoje, de fazer uma sigela homenagem às mulheres... À mulher que é toda emoção e coragem, força e delicadeza, linda e apaixonada, principalmente às grandes mulheres da poesia em língua portuquesa,as mais conhecidas (Adélia Prado, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Florbela Espanca, Maria Teresa Horta, etc,) e as que ficaram nas sombras, e à toda mulher que, como eu, já pôs seus sentimentos em forma de verso e tornaram a literatura ainda mais bela! Obrigada, poetisas! Aqui vão alguns versos que escolhi com muito carinho para esta data:   Sou uma mulher madura Que às vezes anda de balanço Sou uma criança insegura Que às vezes usa salto alto Sou uma mulher que balança Sou uma criança que atura (martha medeiros) Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. (Cora Coralina)    

Amostra sem valor (António Gedeão)

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  Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém. Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível: com ele se entretém e se julga intangível. Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu, sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito, que o respirar de um só, mesmo que seja o meu, não pesa num total que tende para infinito. Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo, nesta insignificância, gratuita e desvalida, Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

Quase um poema de amor (Miguel Torga)

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  Há muito tempo já que não escrevo um poema De amor. E é o que eu sei fazer com mais delicadeza! A nossa natureza Lusitana Tem essa humana Graça Feiticeira De tornar de cristal A mais sentimental E baça Bebedeira. Mas ou seja que vou envelhecendo E ninguém me deseje apaixonado, Ou que a antiga paixão Me mantenha calado O coração Num íntimo pudor, --- Há muito tempo já que não escrevo um poema De amor

Canção do exílio (Gonçalves Dias)

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É  claro que Goncalves Dias era um romântico e sonhador, sua obra está incluída na primeira geração do romantismo, que tinha um forte carater nacionalista e acima de tudo idealista , existe inclusive um trecho do poema no hino nacional:   " Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores." Contudo, achei interessante que fosse esse o poema a ser escolhido, enfim, aqui vai o poema em consideração ao dia da independência:   Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permit...

Todos os poemas são de amor (Mário Quintana)

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Se o poeta falar num gato, numa flor, num vento que anda por descampados e desvios e nunca chegou à cidade… se falar numa esquina mal e mal iluminada… numa antiga sacada… num jogo de dominó… se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade… se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol… Se não falar em nada e disser simplesmente tralalá… Que importa? Todos os poemas são de amor!