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Eu queria tanto (Paulo Leminski)

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eu queria tanto ser um poeta maldito  a massa sofrendo enquanto eu profundo medito  eu queria tanto  ser um poeta social  rosto queimado  pelo hálito das multidões  em vez  olha eu aqui  pondo sal  nesta sopa rala  que mal vai dar para dois

Ausência (Carlos Drummond de Andrade)

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Por muito tempo achei que a ausência é falta.  E lastimava, ignorante, a falta.  Hoje não a lastimo.  Não há falta na ausência.  A ausência é um estar em mim.  E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus  braços,  que rio e danço e invento exclamações alegres,  porque a ausência, essa ausência assimilada,  ninguém a rouba mais de mim.

Deixei de ouvir-te (Maria do Rosário Pedreira)

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Deixei de ouvir-te.  E sei que sou mais triste com o teu silêncio.  Preferia pensar que só adormeceste; mas  se encostar ao teu pulso o meu ouvido  não escutarei senão a minha dor.  Deus precisou de ti, bem sei. E  não vejo como censurá-lo   ou perdoar-lhe.

Poema (Mário Cesariny)

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Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto tão perto tão real que o meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco

Versos do dia

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É assim... e tu bem sabes. Poema: O teu riso Autor: Pablo Neruda

Meu maior martírio (Larissa Rocha)

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Meu maior martírio é não saber Quando ou se tu voltarás um dia É isso que enche minhas noites De uma insuportável agonia A angústia que castiga meu peito É quando a noite chega, mas tu não. É quando dá a nossa hora E ela só traz frio e solidão Perdoa, mas não consigo conter o choro. As constelações, mal posso esperar para vê-las Pois meu único consolo é ver O brilho dos teus olhos na luz das estrelas. Mais poemas meus  aqui

Coração sem imagens (Raul de Carvalho)

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Deito fora as imagens, Sem ti para que me servem as imagens? Preciso habituar-me a substituir-te pelo vento, que está em toda a parte e cuja direcção é igualmente passageira e verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passos numa casa deserta, ao trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis, à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve a não ser eu. Serei feliz sem as imagens. As imagens não dão felicidade a ninguém. Era mais difícil perder-te, e, no entanto, perdi-te. Era mais difícil inventar-te, e eu te inventei. Posso passar sem as imagens assim como posso passar sem ti. E hei-de ser feliz ainda que isso não seja ser feliz. Raul Maria de Carvalho foi um poeta português,esteve fortemente ligado ao movimento neo-realista e surrealista que marcaram as décadas de 1950 e 1960 em Portugal. 

Serenata (Cecília Meireles)

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  Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde! Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te. Permite que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina. Permite que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo, e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.

Versos do dia

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  Autor : Ruy Belo