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Mostrando postagens com o rótulo alma

O Amor, Meu Amor (Mia Couto)

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Nosso amor é impuro como impura é a luz e a água e tudo quanto nasce e vive além do tempo. Minhas pernas são água, as tuas são luz e dão a volta ao universo quando se enlaçam até se tornarem deserto e escuro. E eu sofro de te abraçar depois de te abraçar para não sofrer. E toco-te para deixares de ter corpo e o meu corpo nasce quando se extingue no teu. E respiro em ti para me sufocar e espreito em tua claridade para me cegar, meu Sol vertido em Lua, minha noite alvorecida. Tu me bebes e eu me converto na tua sede. Meus lábios mordem, meus dentes beijam, minha pele te veste e ficas ainda mais despida. Pudesse eu ser tu E em tua saudade ser a minha própria espera. Mas eu deito-me em teu leito Quando apenas queria dormir em ti. E sonho-te Quando ansiava ser um sonho teu. E levito, voo de semente, para em mim mesmo te plantar menos que flor: simples perfume, lembrança de pétala se...

Ballerina (Larissa Rocha)

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Olá pessoal!  2015 finalmente chegou no blog, gostaria de desejar um ótimo ano para todos e dizer que não abandonei o blog não, as postagens estão menos frequentes por causa da faculdade que tem tomado uma grande parte do meu tempo. O primeiro poema do ano é um poema meu em homenagem a todas as bailarinas, e em geral, a maravilhosa arte de dançar!  "Voar sempre, cansa -  por isso ela corre  em passo de dança"  (Eugénia Tabosa) Ela é um anjo na ponta dos pés Ela é um anjo, de asas fortes e elegantes, Com movimentos belos e graciosos Em cima do palco, ela tem olhos brilhantes. Ela é um anjo que pode dançar Tem o poder de encantar toda a gente Com seus saltos e piruetas, está quase a voar E nada nunca a fez tão contente! O vídeo a seguir é uma performance da minha bailarina preferida, Svetlana zakharova, vale a pena conferir:   Para mais poemas meus clique  aqui "Perdido seja para nós aquele dia ...

Passou o outono (Camilo Pessanha)

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Passou o outono já, já torna o frio... - Outono de seu riso magoado. Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado... - O sol, e as águas límpidas do rio. Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado, Para onde me levais meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio? Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando... Onde ides a correr, melancolias? - E, refratadas, longamente ondeando, As suas mãos translúcidas e frias...

Versos do dia

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Poema: Para ser grande, sê inteiro Poeta: Fernando Pessoa

Eu te tenho (Larissa Rocha)

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Eu conheço teus segredos Enxergo o mais íntimo de ti Tuas histórias eu já li Sei todos os teus medos Pensas que te conheço pouco? Eu vejo teu coração partido Sei qual teu livro preferido Sei mil formas de te deixar louco Eu decifro tuas poesias… Agora que conheço teu passado Posso ver teu outro lado, Eu te tenho… E tu nem sabias! (Flor Bela Rocha)

Deixei de ouvir-te (Maria do Rosário Pedreira)

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Deixei de ouvir-te.  E sei que sou mais triste com o teu silêncio.  Preferia pensar que só adormeceste; mas  se encostar ao teu pulso o meu ouvido  não escutarei senão a minha dor.  Deus precisou de ti, bem sei. E  não vejo como censurá-lo   ou perdoar-lhe.

Ao luar (Augusto dos Anjos)

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Quando, à noite, o Infinito se levanta  A luz do luar, pelos caminhos quedos  Minha táctil intensidade é tanta  Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!  Quebro a custódia dos sentidos tredos  E a minha mão, dona, por fim, de quanta  Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,  Todas as coisas íntimas suplanta!  Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,  Nos paroxismos da hiperestesia,  O Infinitésimo e o Indeterminado...  Transponho ousadamente o átomo rude  E, transmudado em rutilância fria,  Encho o Espaço com a minha plenitude! 

Minha crença (Larissa Rocha)

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“Eu sou teu deus”, ele me disse certa vez, Com um ar mais arrogante que bendito E a verdade é que eu o adoro, Ele é meu deus e é o único no qual acredito. E foi assim que passei a crer nesse deus Forte e onipotente, cálido e sensual, Rogo-lhe para levar-me ao paraíso Divino com gosto de pecado original Sagrada seja a luz daqueles olhos! Ele é meu maior pecado, e única salvação Minha perdição é em seus beijos e abraços E amá-lo tanto é minha vocação.   Mais poemas meus  aqui

Versos do dia

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É assim... e tu bem sabes. Poema: O teu riso Autor: Pablo Neruda

Soneto de amor (José Régio)

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  Não me peças palavras, nem baladas, Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio, Deixa cair as pálpebras pesadas, E entre os seios me apertes sem receio. Na tua boca sob a minha, ao meio, Nossas línguas se busquem, desvairadas... E que os meus flancos nus vibrem no enleio Das tuas pernas ágeis e delgadas. E em duas bocas uma língua..., - unidos, Nós trocaremos beijos e gemidos, Sentindo o nosso sangue misturar-se. Depois... - abre os teus olhos, minha amada! Enterra-os bem nos meus; não digas nada... Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!   José Régio foi escritor, historiador da literatura e principal teórico do grupo que ficou conhecido como Presencista (2ª geração do mordernismo português 1927-1940). Esses escritores não foram influenciados pelo espírito da ruptura com o passado que caracterizou a 1ª geração modernista portuguesa, portanto, este poema mostra um forte vínculo com a tradição finissecular do Simbolismo/Decadentismo. Rejeitando as propos...

Transforma-se o amador na cousa amada (Camões)

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  Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim como a alma minha se conforma, Está no pensamento como idéia; O vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples busca a forma.

Versos do dia

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  Poema: O poeta pede a seu amor que lhe escreva Autor: Federico García Lorca